Comecei
a alisar meu cabelo quando tinha oito anos. Os motivos? Eu costumava chorar na
hora de penteá-los, sentia-me diferente e feia. Não havia representatividade para
mim. O tipo de cabelo que as pessoas elogiavam e queriam ter não era igual o
meu. Então, depois de tanto choro, minha mãe me levou para fazer meu primeiro
alisamento, e desde então me tornei escrava de produtos químicos, chapinhas e
secadores, qualquer coisa que pudesse fazer meu cabelo ficar mais liso, mais aceito,
mais “bonito”.
Acontece
que desde pequena fui imposta a um tipo de padrão e tive que me moldar nele.
Alisar o cabelo foi só o pontapé inicial de uma série de problemas sobre auto
aceitação e amor próprio que tive que enfrentar. Aos 12 anos, com um cabelo
liso que chegava na minha cintura, conheci a bulimia. A forma perfeita para me
encaixar em mais um padrão imposto por uma sociedade hipócrita e má, dessa vez
não sobre meu cabelo, mas sobre meu corpo.
E
assim aconteceu: meus dias eram resumidos em contar calorias, tomar remédios
que tirassem minha fome e laxantes, as vezes até mesmo ficar sem comer, e quando
eu finalmente comia, se eu passasse dos limites, eu me via ajoelhada em frente
a uma privada, com perfume na ponta dos dedos e dedos na garganta. Sem contar
as inúmeras formas que eu encontrava de me punir por ter saído da “dieta”. Isso
tudo acompanhado de uma auto estima inexistente e o começo de uma depressão. Eu
buscava, acima de tudo, enquadrar-me em um padrão que não era meu. E com isso
fui perdendo minha própria essência e até mesmo minha alma.
Em
2013, cuidando do meu cabelo e já com alguns meses sem utilizar nenhum produto químico
para alisá-lo, notei algumas ondas se formando e me apaixonei pelo meu cabelo
pela primeira vez. Foi então que eu ouvi falar em transição capilar pela primeira
vez, em um vídeo na internet. Logo, estava conectada com várias garotas que
estavam passando pela transição, ouvindo suas histórias e as tendo como
inspiração. Não demorou muito para que eu decidisse que iria passar pelo o que
fosse preciso para ter meu cabelo natural de volta, e apesar de alguns comentários
ruins vindos até mesmo de pessoas da minha família, eu não desisti. A cada dia
que passava eu estava mais apaixonada pelo meu cabelo, e ao aceita-lo do jeito
que ele é, também aceitei minha beleza natural.
A partir daí não foi só
meu cabelo natural que mostrou suas caras, mas também o meu amor próprio!
Bulimia, depressão, viver para me encaixar em um padrão, tudo isso ficou para
trás.
Para
aqueles que me perguntam se a transição capilar vale a pena: sim, é uma chance
para você se redescobrir e se aceitar. E para aqueles que insistem em dizer que
é apenas mais uma fase da moda: a transição capilar é um movimento sobre
aceitação, que resiste aos padrões que são impostos pela mídia e pela
sociedade, padrões que levam várias pessoas a morte todos os dias, seja por
um câncer causado pelo uso excessivo de produtos químicos, passando por alergias,
mortes causadas por anorexia, bulimia, chegando até mesmo em casos de suicídio.
Transição
capilar não é moda! É auto aceitação, amor próprio e resistência!
Tatá, eu amei o texto, outra inspiração p mim, eu te conheço desde pequena, e dps q viemos a perder contato não sabia q havia passado por isso, fico feliz por ter ultrapassado essas barreiras e se aceitado, pq vc é e smp foi uma menina linda desse jeitinho, estou pensando em passar pela transição capilar pq não aguento mais a química no meu cabelo, mas n to tão certa assim pq eu sei q muitos vão criticar, apontar dedos, e n vao me apoiar, assim como eu sei q vão ter pessoas q irão, mas a insegurança fala mais alto, estou vendo varios videos e aprendendo mais sobre a transiçao, sei q não é um processo fácil, e espero q um dia eu tenha confiança e coragem para começar esse processo e me aceitar. Bjss Ádyla <3
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